Literatura erótica na Amazônia: as marcas do homoerotismo no conto “Cachorro Doido”, de Haroldo Maranhão
Palavras-chave:
: Homoerotismo. Autoafirmação. Haroldo Maranhão.Resumo
O presente artigo tem como objetivo discutir o conto “Cachorro Doido”, publicado na obra Jogos Infantis (1986) do escritor paraense Haroldo Maranhão, analisando, nele, o homoerotismo e a autoafirmação masculina. A obra em questão se deixa enganar por um título que não tem nada de infantil, apresentada por uma epígrafe um tanto quanto provocante, erótica, e que sugere e insinua o que virá nas páginas que seguem, atiçando a curiosidade do leitor. Composto por quinze contos que denotam narrativas de iniciação sexual, o autor não economizou na descrição das cenas e no comportamento picante de suas criaturas, pelo contrário, usou e abusou das palavras para que pudesse trazer à tona o comportamento sexual de seus jovens personagens (praticamente crianças), expondo momentos de muita intimidade e da descoberta dos prazeres do corpo. Nos contos de Maranhão, especialmente no conto do corpus deste trabalho, verifica-se o interdito, a transgressão, a autoafirmação masculina, como aspectos do percurso erótico, guiados por uma linguagem coloquial muito próxima da realidade. “Cachorro Doido” é uma narrativa de iniciação sexual na qual não há lugar para o amor, mas simplesmente para o ato em si. Embora a aproximação entre os dois sujeitos se dê de forma casual, narrada sutilmente sem maiores complicações, é possível perceber que a mesma pode ser vista como um assédio sexual envolvendo dois adolescentes do sexo masculino. O texto contempla uma abordagem de cunho bibliográfico, partindo de uma leitura crítica da narrativa supracitada, aliada ao diálogo com autores que discutem o homoerotismo. Para concretizar essa pesquisa, faremos uso de um aporte teórico que contempla estudos de BATAILLE (1987), BRANCO (1987), DURIGAN(1986), FRANCONI (1997), PAZ (1994).
Referências
BADINTER, Elisabeth. XY: sobre a identidade masculina. Tradução de Maria Ignez Duque Estrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BATAILLE. Georges. O Erotismo. Porto Alegre: L&PM, 1987.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina [e-book]. 2. ed. Tradução de Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. Disponível em: < http://www.sertao.ufg.br/uploads/16/original_BOURDIEU__Pierre._A_domina%C3%A7C3%A3o_masculina.pdf?1332946646. ISBN 85-286-0705-4>. Acesso em: 24 maio 2021.
BRANCO, Lucia Castello. Eros travestido: um estudo do erotismo no realismo burguês. Belo Horizonte: UFMG, 1985.
COSTA, Jurandir Freire. A inocência e o vício: estudos sobre o homoerotismo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992.
FRANCONI, Rodolfo A. Erotismo e Poder na Ficção Brasileira Contemporânea. São Paulo: Annablume, 1997.
MARANHÃO, Haroldo. Jogos Infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986.
PAZ, Octávio. A Dupla Chama: Amor e Erotismo. São Paulo: Siciliano,1994.