A Infância nas interfaces de Dalcídio Jurandir: o jornalista e o romancista

  • Ivone dos Santos Veloso Universidade Federal do Pará
Palavras-chave: Infância - Dalcídio Jurandir - Amazônia

Resumo

Este artigo destaca a produção jornalística e ficcional de Dalcídio Jurandir (1909-1979), escritor brasileiro que criou o ciclo Extremo- Norte, um projeto literário de dez romances, ambientados na Amazônia paraense, e que se constituem, no plano geral, como um grande painel social da região. o que justifica, portanto, o epiteto de Romancista da Amazônia. Vale dizer que esse painel estaria incompleto sem a figuração de personagens mirins. Todavia, a categoria infância alcança um relevo ainda maior no projeto literário dalcidiano, o que nos faz pensar que Dalcídio Jurandir também pode ser entendido como um escritor da infância, uma vez que traz, em seus romances, um considerável número de referências e de personagens que se relacionam com essa etapa da vida, concebendo um panorama exemplar a respeito das crianças da Amazônia, sobretudo, no que se refere as mais pobres. Nesta oportunidade, queremos demonstrar que a infância desvalida não é uma particularidade observada apenas em sua ficção, mas também está presente em outros escritos. Assim focalizamos a faceta jornalística do escritor marajoara, trazendo uma reportagem e uma crônica que apresentam e denunciam a pobreza e a desigualdade social no contexto brasileiro, numa época em que, ainda, pouco se discutia sobre os direitos da criança e adolescentes. A partir da crônica Os Ferrinhos, também demonstramos como Dalcídio reelabora a história dos Ferrinhos, meninos que capinavam as calçadas de Belém, em Chão dos Lobos (1976), oitavo romance do ciclo Extremo-Norte. Tal estratégia corrobora a ideia de que a infância na obra dalcidiana não se apresenta somente como matéria, mas como instrumento para a criação, atuando na constituição interna da ficção dalcidiana. Este estudo é resultado de pesquisa bibliográfica e análise interpretativa. Para tanto, revisitamos a hemeroteca digital brasileira, textos do autor e as contribuições teóricas de CANDIDO (2008), FURTADO (2011) e SOUZA (1988).

Referências

CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 10. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2008.

FURTADO, Marlí. Dalcídio Jurandir e a Crítica literária para O Estado do Pará. In: FIGUEIREDO, Carmem Lúcia Negreiros de; HOLANDA Sílvio Augusto de Oliveira; AUGUSTI, Valéria (org.). Crítica e Literatura. Rio de janeiro: De Letras, 2011. p. 81-98.
JURANDIR, Dalcídio. Todos nós sabemos que os modernos processos... Escola Revista do Professorado do Pará, v. 1, n. 5, p. 30-31, set. 1935.
_________, Dalcídio. O presente de Natal do pobre é mais carestia. Imprensa Popular, p.06, dez.1955
_________, Dalcídio. Chão dos Lobos. Rio de Janeiro: Record, 1976.
_________, Dalcídio. Os “ferrinhos”. In: NUNES, Benedito; PEREIRA, Ruy; PEREIRA, Soraia Reolon (org.). Dalcídio Jurandir: Romancista da Amazônia. Belém: SECULT; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2006.
SOUZA, Pompeu de. “A chegada do lead no Brasil”. Revista da Comunicação, ano 4, n. 7, 1988
AUTOR 1. A infância desvalida em Dalcídio Jurandir: um bulício de crianças, picado de risos e gritos. 2019. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em Letras, Universidade Federal do Pará, Belém, 2019
Publicado
2022-07-05
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