Walter Freitas e Dalcídio Jurandir: um diálogo modernista

  • Josiclei de Souza Santos
Palavras-chave: Literatura cantada, Amazônia, Narrativa

Resumo

O presente trabalho se inscreve no campo dos estudos interartes, e busca fazer um estudo comparativo entre a narrativa escrita e a narrativa poética cantada, mais especificamente pretende-se fazer um paralelo comparativo entre o álbum Tuyabaé Cuaá (1987), de Walter Freitas, em parceria com os poetas João Gomes e Antônio Moura, e o conjunto de dez romances conhecido como Ciclo do Extremo Norte, de Dalcídio Jurandir, observando como o músico e escritor, a partir da apropriação parafrásica constrói uma obra que dialoga com reflexões e proposições estéticas iniciadas no campo literário, na Amazônia, por Dalcídio Jurandir, aprofundando as mesma e criando uma voz poética própria, o que torna sua obra ainda um marco criativo da literatura cantada em língua portuguesa. Os romances utilizados neste estudo são Chove nos campos de Cachoeira, Ponte do Galo e Primeira Manhã. Também, pretende-se mostrar como o referido álbum permanece uma provocação de escuta pelas experimentações poéticas de inspiração rosiana, em que o regionalismo é transfigurado literariamente. Como referencial teórico será utilizado o estudo de Affonso Romano de Sant’Anna sobre apropriação paródica e apropriação parafrásica.

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Publicado
2022-07-05
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