Presença de impactos socioambientais da construção da Transamazônica em Minha doce puta, de André Costa Nunes
Palavras-chave:
Testemunho. Transamazônica. Impactos socioambientais.Resumo
O artigo aborda mudanças no cenário amazônico a partir da ocupação da área e da abertura da rodovia Transamazônica advindas do Projeto de Integração Nacional, criado no governo do general Emílio Garrastazu Médici. Parte-se do fato de que a Amazônia, atualmente, possui uma imagem melhor frente a população nacional e internacional, já que a definição sobre a grandiosidade de sua diversidade natural mudou com o passar do tempo, assim como as sociedades mudaram seus olhares sobre a importância dela. A construção do eixo rodoviário e os planos de integração e exploração contribuíram para o surgimento de novas localidades, o crescimento de pequenos núcleos urbanos e o favorecimento de muitos impactos ao meio ambiente. Considerando este cenário, objetiva-se identificar os impactos socioambientais da construção da transamazônica para Altamira-PA na obra Minha Doce Puta, de André Costa Nunes. De caráter exploratório e descritivo, a pesquisa tem cunho qualitativo e se baseia em fontes bibliográficas. Entre os autores utilizados, destacam-se: Campos et al. (2013); Salgueiro (2012); César Souza (2018); Umbuzeiro (1990) e Seligmann-Silva (2003). O artigo se baseia no estudo da própria obra em comparação com outras fontes bibliográficas e publicações científicas. Com isso, constatou-se os principais impactos socioambientais que a construção da rodovia Transamazônica trouxe para o município e a população de Altamira-PA presentes na obra Minha Doce Puta. Entre eles, inchaço populacional, violência, prostituição e desapropriações. Ainda, o desequilíbrio ambiental causado pela poluição dos rios, especialmente o Xingu, pelo desmatamento acelerado e pela perda de espécies raras da fauna e flora regional.
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