A tradução intersemiótica: um olhar para o teatro

Palavras-chave: Tradução intersemiótica, Teatro, Sistemas de signos, Espetáculo

Resumo

Neste artigo, discutiremos a tradução intersemiótica do texto dramatúrgico, tocando em questões como fidelidade, originalidade e recriação, amparados por estudiosos como Julio Plaza (2010), Anne Ubersfeld (2005), Patrice Pavis (2008ab), Margherita Laera (2020), entre outros nomes dos Estudos da Tradução, Estudos Teatrais e Estudos Semióticos. A tradução do texto teatral é considerada uma forma mais complexa de tradução literária, segundo Susan Bassnett (2003). Isso ocorre pelo fato de que, para traduzir textos teatrais de outros idiomas, é necessário um movimento em dois estágios: o primeiro, interlingual, envolve a mudança idiomática, enquanto o segundo, propriamente intersemiótico, se concentra nas possibilidades performáticas da representação do texto. O tradutor deve estar consciente de que, ao traduzir um texto dramatúrgico, está também adaptando a peça à performance, garantindo que o texto criado esteja pronto para o ator no palco. Isso implica que adaptações devem ser feitas para que a performance faça jus à versão original. Como ponto de partida, entende-se que o artista/tradutor e outros agentes teatrais devem usar a criatividade para garantir que a linguagem encontrada no texto original suscite várias associações no público quando a peça traduzida for encenada.

Biografia do Autor

Tiago Marques Luiz, Universidade Federal da Grande Dourados

Possui graduação em Letras Licenciatura/Habilitação Português/Inglês pela Universidade Federal da Grande Dourados (2009), especialização em Tradução de Inglês pela Universidade Gama Filho (2011),  especialização em Semiótica e Análise do Discurso pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo (2023), Mestrado em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (2013) e Doutorado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Uberlândia (2019). Atualmente cursa a graduação em Artes Cênicas na Universidade Federal da Grande Dourados.

Gicelma da Fonseca Chacarosqui Torchi, UFGD

Possui graduação em Licenciatura em Letras Português/Literatura pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1992), mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2001), doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008) e pós-doutorado em Estudos de Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de Mato Grosso (2020). É professora adjunta da Universidade Federal da Grande Dourados.

Referências

ARROJO, R. A tradução como reescritura: o texto/palimpsesto e um novo conceito de fidelidade. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, n. 5-6, 1985, p. 17-24.

ARROJO, R. Oficina de tradução: a teoria na prática. São Paulo: Ática, 2000.

BASSNETT, S. Estudos de tradução. Tradução de Vivina de Campos Figueiredo e revisão de Ana Maria Chaves. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

BASSNETT, S. Translation. London and New York: Routledge, 2014.

BASSNETT, S. Translating for the Theatre: The Case Against Performability. TTR: traduction, terminologie, rédaction, Canada, v. 4, n. 1, p. 99-111, 1991.

CAMPOS, H. Metalinguagem e outras metas: ensaios de teoria e crítica literária. São Paulo: Perspectiva, 2010.

CARLSON, M. Theatrical Performance: Illustration, Translation, Fulfillment, or Supplement?. Theatre Journal, Baltimore, v. 37, n. 1, p. 5-11, March 1985.

CAYRON, C. La traduction: désir, théorie, pratique. In: HEINICH, N. La traduction: désir, théorie, pratique. Actes des premières assises de la traduction littéraire en Arles. Arles: ACTES SUD/Atlas, 1985. p. 88-125.

CRUZ, C. S. Tradução teatral – entre teoria e prática. Urdimento, Florianópolis, v. 2, n. 35, p. 263-280, ago./set. 2019.

DINIZ, T. F. N. Literatura e cinema: da semiótica à tradução cultural. Ouro Preto: Editora da UFOP, 1999.

DUSI, N. Tradução, Adaptação, Transposição. In: AGUIAR, D.; QUEIROZ, J. (orgs). Tradução, transposição e adaptação intersemióticas. São Carlos: Pedro e João Editores, 2016. p. 53-68.

ELLIS, J. The Literary Adaptation. Screen, Oxford, vol. 23, issue 1, Pages 3–5, 1 May 1982.

FISCHER-LICHTE, E. The Performance as an ‘interpretant’ of the drama. Semiotica, Berlin, v. 64, n. 3/4, p. 197-212, 1987.

GONZÁLEZ, A. R. F. La literatura, signo teatral. El problema significativo de las acotaciones dramáticas. Valle-Inclán y “Luces de Bohemia”. In: ROMERA CASTILLO, J.(coord.). La literatura como signo. Madrid: Editorial Playor, 1981, p. 246-269.

GORLÉE, D. L. Metacriações. In: AGUIAR, D.; QUEIROZ, J. (orgs). Tradução, Transposição e Adaptação Intersemióticas. São Carlos: Pedro e João Editores, 2016, p. 69-134.

GOSTAND, R. Verbal and non-verbal communication: Drama as translation. In: ZUBER, O. (ed.). The Languages of Theatre: problems in the translation and transposition of drama. New York: Pergamon Press, 1980, p. 1-9.

GOTTLIEB, H. Semiotics and Translation. In: MALMKJÆR, K. (ed.). The Routledge Handbook of Translation Studies and Linguistics. London: Routledge, 2017, p. 45-63.

JAKOBSON, R. Sobre os aspectos linguísticos da tradução. In: JAKOBSON, R. Lingüística e Comunicação. Prefácio de Izidoro Blikstein. Tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 1991. 63-72.

LAERA, M. Theatre & translation. London: Red Globe Press, 2020.

LOTMAN, I. A estrutura do texto artístico. Tradução de Maria do Carmo Vieira Raposo e Alberto Raposo. Lisboa: Estampa, 1978.

LOTMAN, I. La semiótica de la cultura y el concepto de texto. In: LOTMAN, I. La semiosfera I: semiótica de la cultura e del texto. Madrid: Ediciones Cátedra, 1996, p. 249-263.

MANGUEL, A. Lendo Imagens: uma história de amor e ódio. Tradução de Rubens Figueiredo, Rosaura Eichemberg e Cláudia Strauch. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.

MENDES, C. F. As estratégias do drama. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1995.

OLIVEIRA, B. Tradução Intersemiótica na elaboração da dramaturgia do ator: pedagogia e encenação. 2012. 200f. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

OLIVEIRA, C. L. S. Fidelidade e tradução: uma relação conflituosa. Revista Anthesis, Cruzeiro do Sul, v. 6, n. 12, p. 16-24, jul./dez. 2018.

PAVIS, P. Do texto ao palco: um parto difícil. In: PAVIS, P. O teatro no cruzamento de culturas. Tradução de Nanci Fernandes. São Paulo: Perspectiva, 2008a, p. 21-42.

PAVIS, P. Dicionário de teatro. Tradução de Maria Lúcia Pereira, J. Guinsburg, Rachel Araújo de Baptista Fuser, Eudynir Fraga e Nanci Fernandes. São Paulo: Perspectiva, 2008b.

PETRILLI, S. Translation of semiotics into translation theory and vice versa. Punctum: International Journal of Semiotics, Greece, v. 1, n. 2, p. 96–117, December 2015.

PLAZA, J. Tradução intersemiótica. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

QUEIROZ, J.; ATÃ, P. Intersemiotic Translation, Cognitive Artefact, and Creativity. Adaptation, v. 12, n. 3, p. 298–314, 2019.

SCOTT, C. Re-theorizing the Literary in Literary Translation. In: FAWCETT, A., GUADARRAMA GARCIA, K. L.; HYDE PARKER, R. (eds.) Translation: Theory and Practice in Dialogue. London: Continuum Publishing, 2010, p. 109-127.

TOROP, P. Translation and Semiotics. Sign System Studies, v. 36, n. 2, p. 253-257, 2008.

UBERSFELD, A. Para ler o teatro. Tradução de José Simões. São Paulo: Perspectiva, 2005.

VENUTI, L. Introduction: poetry and translation. Translation Studies, London, v. 4, n. 2, p. 127–132, 2011.

VENUTI, L. Contra Instrumentalism: A Translation Polemic. Lincoln: University of Nebraska Press, 2019.
Publicado
2024-01-23
Visualizações
  • Artigo 40
  • PDF 19