A morte como Refúgio:
A Loucura e a Solidão nos Poemas de Emily Dickinson
Palavras-chave:
Literatura, Loucura, Morte, Emily DickinsonResumo
Este artigo analisa a representação da loucura, da morte e da solidão na obra poética de Emily Dickinson, com o objetivo de compreender como esses temas estruturam uma poética que desafia convenções e promove uma visão singular da existência. A pesquisa baseia-se em uma abordagem qualitativa, com análise interpretativa de poemas selecionados, considerando o contexto histórico e biográfico da autora, bem como os elementos formais e estilísticos de sua escrita. Através dessa leitura crítica, identifica-se que a morte é frequentemente tratada de forma serena ou até acolhedora, indicando uma aceitação do fim como parte integrante da vida. A loucura, por sua vez, surge como metáfora da liberdade criativa, em oposição à rigidez da racionalidade socialmente imposta, permitindo que a voz poética transgrida normas e explore novas possibilidades de sentido. A solidão, longe de ser apenas uma condição existencial, é apresentada como espaço produtivo de introspeção, autoconhecimento e criação artística. Os resultados apontam que Dickinson constrói uma poética subversiva e profundamente subjetiva, onde a marginalidade – tanto social quanto psíquica – transforma-se em força estética e intelectual. Conclui-se que, ao abordar temas tradicionalmente estigmatizados, a autora ressignifica conceitos como morte e loucura, revelando a potência literária da experiência solitária e a complexidade da sensibilidade humana.
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