Representações da Natureza e do Homem em “Terra Caída”: a narrativa de Alberto Rangel sob o olhar da ecocrítica

  • Gilberto Alves Araujo UFPA & University of the Witwatersrand
  • Bruno Nascimento Silva UFPA
Palavras-chave: Representação, Estudos Culturais, Ecocrítica, Amazônia, Literatura Brasileira

Resumo

Este estudo pretende compreender de que modo se constroem as representações discursivas sobre natureza e homem no conto Terra Caída, de Alberto Rangel. Para tanto, este trabalho, para além de recorrer a uma abordagem qualitativo-interpretativista bidirecional (dedutiva-indutiva), emprega concepções representacionais postuladas por Hall (2016) e princípios de ecocrítica introduzidos por Naess (1995), Easterlin (2012) e Nayak (2022), dentre outros. Resultados preliminares sugerem que Rangel, embora apresente ainda resquícios de um naturalismo, distancia-se de atributos desse movimento estético para oferecer uma concepção sensivelmente própria às noções de natureza e humanidade cabocla. Nesse sentido, Rangel projeta uma espécie de realismo mágico-penoso bastante particular, em que utópico e soturno se imbricam e se retroalimentam. Meio ambiente e homem se correlacionam em um jogo de forças ou poder que vai estabelecendo papeis determinados para cada um deles, mediados, evidentemente, pelas condições de sua existência material. Para além de recorrer à ideia de trabalho como instrumento de redenção e sublimação da moralidade cabocla, é no contraste com a pertinácia da natureza, ou com sua implacabilidade, que a fibra de caráter do homem-caboclo se tece e se consolida.

Referências

ANDRADE, Nana Patrícia Lisboa de. A importância da interação com os indígenas para o êxito da viagem de Wallace pelo Rio Negro e, a ausência desse persona no imaginário social em Inferno Verde, de Alberto Rangel. Seminário de Formação de Professores e Ensino de Língua Inglesa, 6, 2021, São Cristóvão, SE. Anais eletrônicos [...]. São Cristóvão: LINC/UFS, p. 49-59, 2021.
ANDRADE, Rômulo de Paula. Natureza, clima e civilização: as bases do pensamento social da Amazônia no Estado Novo. ANPUH–XXV Simpósio Nacional de História, 25, 2009, Fortaleza, CE. Anais Eletrônicos [...]. Fortaleza: UFC, p. 01-08, 2009. Disponível em: . Acesso: 20 jun. 2023.
AZUNGAH, T. Qualitative Research: Deductive and Inductive Approaches to Data Analysis. Qualitative Research Journal, v. 18, n. 4, p. 383-400, 2018.
BIBLIOMANIA. Serie livros sobre a Amazônia - Inferno Verde - Alberto Rangel. Bibliomania Blogspot, 17 out. 2014. Disponível em: . Acesso: 20 jun. 2023.
BITTENCOURT, Agnello, A intelectualidade do Amazonas no limiar do século. Revista da Academia Amazonense de Letras Manaus, n.9, outubro/1959, p. 63-80.
CONNIFF, Brian. The dark side of magical realism: science, oppression, and apocalypse in ‘One Hundred Years of Solitude’. Modern Fiction Studies, v. 36, n. 2, p. 167-179, 1990.
CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
CURRIE, Gregory. Empathy for Objects. In: COPLAN, Amy; GOLDIE, Peter (Eds.). Empathy: Philosophical and Psychological Perspectives. Oxford: Oxford University Press, p. 82-97, 2011.
EASTERLIN, Nancy. A Biocultural Approach to Literary Theory and Interpretation. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2012.
HALL, Stuart. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Apicuri/PUC-Rio, 2016.
JAMES, Erin. The Storyworld Accord: Econarratology and Postcolonial Narratives. Lincoln and London, University of Nebraska Press, 2015.
KEEN, Suzanne. Narrative Empathy. In: ADALMA, F. L. (Ed). Toward a Cognitive Theory of Narrative Acts. Austin: University of Texas Press, p. 61-94, 2010.
MARZANI, Andressa; VAZQUEZ, Gustavo Krieger. Personagens nordestinas em Inferno Verde, de Alberto Rangel. Revista de Letras Norte@mentos, v. 16, n. 42, p. 252-272, 2023.
MENEZES, Raimundo. Dicionário literário brasileiro. 2a ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
NAESS, Arne. The Deep Ecology “Eight Points” Revisited. In: SESSIONS, George (Ed.). Deep Ecology for the 21st Century. London: Shambhala, p. 213-224, 1995.
NAYAK, Sayani. The Dialectics of Nature and Civilisation: An Ecocritical Reading of Cormac Mccarthy’s The Road. Literary Oracle, v. 6, n. 2, p. 96-105, 2022.
PAESANI, K. Literary texts and grammar instruction: revisiting the inductive presentation. Foreign Language Annals, v. 38, n. 01, p. 15-23, 2005.
PAIVA, Marco Aurélio Coelho de. O sertão amazônico: o inferno de Alberto Rangel. Sociologias, v. 13, n. 26, p. 332-362, 2011.
QUEIROZ, José Francisco da Silva. Amazônia: inferno verde ou paraíso perdido? Cenário e território na literatura escrita por Alberto Rangel e Euclides da Cunha. Nova Revista Amazônica, v. 5, n. 3, p. 13-35, 2017.
RANGEL, Alberto. Inferno Verde: scenas e scenarios do Amazonas. Rio de Janeiro: Typographia Arrault & Cia, 1927.
SILVA, Maria da Luz Soares da. Viagens na minha terra: a Amazônia (re)visitada no Inferno Verde. 2014. 130 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) — Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal do Amazonas, Manaus.
URIARTE, Javier. Corpos, trabalho e meio ambiente na literatura de Alberto Rangel. Revista Landa, v. 10, n. 2, p. 220-241, 2022.
Publicado
2023-09-15
Visualizações
  • Artigo 68
  • PDF 58