CONSIDERAÇÕES SOBRE O GÊNERO TEXTUAL CAPA DE REVISTA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Abstract
Este estudo estabelece relação com o projeto “Práticas docentes e estudos teóricos de Norte a Sul: Leitura, escrita e análises linguísticas” em desenvolvimento na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Tânia Maria Moreira. Nesse projeto, a questão central gira em torno de discussões teóricas e práticas sobre o ensino de línguas. No que se referem ao ensino da língua inglesa, estudos apontam diversas dificuldades, principalmente na rede pública, simultaneamente, novas abordagens de ensino, mediadas por tecnologias ou não, vêm sendo estudadas na tentativa de minimizar os problemas educacionais, tais como: ensino por projetos, webquest, A Roda, sequência didática, etc. Nesse contexto, o ensino na perspectiva de gêneros ganha força e é cada vez mais debatido por estudantes e pesquisadores nacionais e estrangeiros. No presente trabalho, tenho por objetivo apresentar considerações sobre uma experiência de estágio em Língua Inglesa, desencadeada por professoras em formação inicial na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e mediada pelo uso do gênero textual capa de revista em uma turma de 8º ano. O suporte teórico e metodológico deste trabalho parte dos estudos de gêneros, segundo Bakhtin (1979) através de Marcuschi (2005; 2010); da sequência didática, a partir de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e dos estudos de Dodge (1995) e March (2003) sobre a webquest. O gênero, conforme Marcuschi (2005) é um enunciado de natureza histórica, sócio-interacional, ideológica e linguística „relativamente estável‟ (BAKHTIN, 1979). Ainda segundo o autor,
Os gêneros textuais são fenômenos profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar atividades comunicativas do dia a dia [...], caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos, surgindo emparelhados a necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas (MARCUSCHI, 2010, p. 19).
A noção de sequência didática pode ser definida como “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito” (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 82), focando no ensino e aprendizagem das três capacidades de linguagens: capacidade de ação, capacidade discursiva e capacidade linguístico-discursiva. Com o objetivo de desenvolver essas capacidades dos alunos, a sequência didática utilizada no estágio integrava o conteúdo gramatical, que constava no plano de aula da professora regente, os novos vocabulários do inglês e o ensino da estrutura e função de uma capa de revista, para que os alunos aprendessem a identificá-las e ajudando-os a desenvolver uma maior capacidade crítica e discursiva. Para tal trabalho conseguir alcançar os seus objetivos, houve a necessidade do uso de recursos tecnológicos como os slides, uma webquest e editores de imagem para o trabalho final. O modelo Webquest, desenvolvido em 1995, pelo professor Bernie Dodge da Universidade Estadual de San Diego possui um formato orientado a investigação, apresentando, segundo o próprio autor, informações que provêm da internet e podem ser utilizadas pelos estudantes. Para Tom March (2003), embora a Webquest não se configure como algo novo, ela é uma forma de integrar um número de estratégias de aprendizagem enquanto faz um uso substancial da web, tirando vantagem do potencial da internet, apresentando recursos midiáticos essenciais que podem ser interativos, contemporâneos, contextualizados, ou variados em termos de perspectivas. Finalmente, March (2003) afirma que uma webquest bem executada facilita significativamente o uso da internet para propósitos educacionais. A partir desses estudos realizamos um quadro comparativo envolvendo a Sequência Didática e a Webquest trabalhada, conforme consta no Quadro 01:
Observando as imagens, é possível estabelecer a relação entre os momentos vivenciados na realização de uma sequência didática e webquest. Ambas possibilitam a apresentação de um desafio/tarefa em sala de aula e a realização de vários módulos de ensino de linguagem até chegar à produção e avaliação final de um gênero. Na próxima seção, além de descrever a sequência didática vivenciada no estágio, descrevo os materiais e métodos adotados no acompanhamento das aulas.