CONSTRUÇÃO COLETIVA DE ETNOMAPEAMENTO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA EM TERRAS INDÍGENAS
Resumo
O Estudo do Meio é uma metodologia de ensino interdisciplinar que tem a finalidade de desvendar a complexidade de um dado espaço, [...], cuja totalidade dificilmente uma disciplina escolar pode dar conta de compreender (PONTUSKA, PAGANELLI e CACETE (2007). O Estudo do Meio tem por objetivo mostrar que é um método que aproxima a realidade ao aluno, conectando o conteúdo repassado em sala de aula com a seu cotidiano, proporcionando então um processo significativo de ensino-aprendizagem para os alunos, além disso, sendo capaz de desenvolver no indivíduo o olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver. A partir da cartografia básica para a produção de etnomapas de autorias indígenas põe em evidências os diferentes tipos de saberes que se mesclam para chegar a uma imagem coletiva da aldeia. Desta maneira, o Etnomapeamento se configura na construção de cartas geográficas com os locais importantes do território indígena, o seu uso cultural, a distribuição espacial dos recursos naturais, a identificação de impactos ambientais e outras informações relevantes, salvaguardando o interesse, o olhar e a compreensão indígena, podendo ser útil no ensino de geografia. Para tanto, considera-se importante o estudo do meio, este é descrito por Lopes e Pontuschka (2009) como “um método de ensino interdisciplinar que visa proporcionar para alunos e professores contato direto com uma determinada realidade, um meio qualquer, rural ou urbano, que se decida estudar”. A importância deste estudo na comunidade justifica-se por relatos dos próprios indígenas que a Terra Mãe Maria é constantemente invadida, para a coleta de frutos, retirada de madeira. Outro impacto importante é causado pela erosão ocasionadas pelos não-indígenas nas fazendas no entorno da Terra Mãe Maria, além dos impactos diretos gerados pela BR 222, linhas de alta tensão que cortam a reserva. O estudo do meio se concretiza como uma atividade pedagógica de imersão orientada na complexidade de um determinado espaço geográfico, aqui entendido como a aldeia Kyikatêjê, onde é possível o estabelecimento de um diálogo inteligente com o mundo, com o intuito de verificar e de produzir novos conhecimentos. A discussão acerca da educação escolar indígena tem como princípio norteador, o olhar e o pensar kyikatêjê sobre a escola, entendida como local estratégico para a constituição identitária, articulação de muitos saberes na perspectiva local e regional e a aquisição de novos conhecimentos. Desta maneira o trabalho tem como objetivo a elaboração de etnomapeamento para a construção de modelos dinâmicos e de representação das paisagens indígenas para subsidiar as aulas de Geografia Física na escola indígena Tatakti Kakatêjê, tentando identificar e espacializar as principais unidades de paisagem da Aldeia indígena, gerando perfis didáticos pedagógicos etnográficos para a instrumentalização de estudos da paisagem/natureza na escola Tatakti Kyikatêjê, possibilitando através do uso da etnocartografia um repositório de diversos conhecimentos que permitam melhor compreender as relações de seus atores.