Pedagogias da resistência e afirmação quilombola: interfaces entre licenciaturas em Educação do Campo e educação escolar quilombola
Palavras-chave:
Educação escolar quilombola, Formação de educadores do campo, Colonialidade do saber e do poderResumo
Este texto tem como objetivo identificar e analisar as interfaces entre a formação de educadoras/es do campo em nível superior autoidentificadas/os como quilombolas e a implementação da educação escolar quilombola. Para tal, tomamos a experiência das lutas em curso nas comunidades quilombolas de Ouro Verde de Minas, no Vale do Mucuri, Minas Gerais. A partir de uma pesquisa finalizada e outra em andamento, tem sido possível observar uma série de conquistas, mas também de desafios colocados na efetivação do direito a processos de escolarização que dialoguem com a realidade do povo quilombola e contribuam com a mudança positiva de sua realidade. Ainda que os povos quilombolas venham sendo acolhidos pelas Licenciaturas em Educação do Campo, a ausência de cursos específicos de formação para esses sujeitos é um desafio a ser considerado e superado, algo bastante difícil dentro do atual cenário político. Figuram como referencial teórico o pensamento decolonial e a educação popular, sendo conceitos importantes a colonialidade do poder e do saber e a educação bancária. A construção dos dados aqui apresentados foi feita a partir dos dados coletados em pesquisas realizadas sobre a educação escolar em Ouro Verde de Minas e nos relatos da experiência de formação de educadores quilombolas do campo em nível de graduação.
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