Qual a chance? Reflexões sobre ensino de probabilidade nos anos iniciais do ensino fundamental
Palavras-chave:
Probabilidade, Análise praxeológica, Anos iniciais do Ensino Fundamental, livro didático, Teoria Antropológica do DidáticoResumo
O ensino de probabilidade e suas noções nos anos iniciais da formação escolar tem sido objeto de discussão já há algumas décadas. Recentemente, a Base Nacional Comum Curricular apresentou a Probabilidade e Estatística como unidade temática e definiu os objetos e habilidades a serem trabalhadas desde o 1º ano do Ensino Fundamental. O objetivo do presente texto é analisar as condições e restrições para o ensino de Probabilidade e suas noções nos anos iniciais do Ensino Fundamental a partir da análise praxeológica do livro didático. Tomamos como amostra um estudo realizado a partir de uma coleção aprovada no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) e utilizada por redes municipais no interior da Paraíba. A análise praxeológica é uma ferramenta da Teoria Antropológica do Didático de Yves Chevallard. Esta teoria e suas ferramentas permitem a compreensão das condições e restrições para difusão de saberes. O estudo foi de cunho qualitativo e essencialmente documental. Nossa amostra centrou-se na primeira fase dos anos iniciais (1º ao 3º ano) e os resultados apontam que a Probabilidade e suas noções na coleção analisada estão presentes em tarefas que atendem minimamente ao que sugere o documento da BNCC, no entanto, não há no livro didático uma infraestrutura epistemológica que permita aos professores construírem situações de ensino que atendam ao que recomenda as pesquisas na área. As praxeologias são pontuais e incompletas, com a ausência de um discurso tecnológico que fomente a ação do professor ou que possa conduzir o estudante à construção conceitual da probabilidade e suas noções.
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