Conceituando o desvio positivo no Programa Etnomatemática como a valorização de práticas matemáticas locais
Palavras-chave:
Desvio positivo, Educação Matemática, Práticas matemáticas locais, Programa Etnomatemática, Questões socioculturaisResumo
O reconhecimento da relação entre a cultura e a matemática pode ser interpretado como uma reação ao imperialismo cultural que impôs a sua versão do conhecimento matemático às comunidades colonizadas ao redor do mundo com a expansão das grandes navegações a partir do século XV. A reação a esse imperialismo cultural também pode estar relacionado com o desenvolvimento do conceito de desvio positivo que se relaciona com a flexibilidade das regras, normas e regulamentos para que possa alcançar o bem-estar dos membros de grupos culturais distintos. A amplitude dos conceitos de desvio positivo engloba as soluções matemáticas inovadoras desenvolvidas localmente e que podem ser utilizadas na ação pedagógica da etnomatemática, pois tem como objetivo confrontar a crença e o reconhecimento que persiste na sociedade contemporânea de que a matemática é um conhecimento culturalmente neutro. Assim, o principal objetivo deste artigo teórico é discutir o conceito de desvio positivo para a educação matemática por meio da exploração e da identificação da essência dessa terminologia no contexto da prática educacional relacionada com a ação pedagógica da etnomatematica e de sua conexão com a modelagem por meio da etnomodelagem.
Downloads
Referências
ALINSKY, S. D. Rules for radicals. New York, NY: Random House, 1972.
APPELBAUM, S. H., IACONI, G. D.; MATOUSEK, A. Positive and negative deviant workplace behaviors: causes, impacts, and solutions. Corporate Governance, v. 7, n. 5, p. 586-598, 2007.
BISHOP, A. J. Western mathematics: the secret weapon of cultural imperialism. Race & Class, v. 32, n. 2, p. 51-65, 1990.
BLOCH, S. Positive deviants and their power on transformational leadership. Journal of Change Management, v. 1, n.3 , p. 273-279, 2001.
CHIEUS, G. J. Etnomatemática: reflexões sobre a prática docente. In: RIBEIRO, J. P. M., DOMITE, M. C. S.; FERREIRA, R. (Eds.). Etnomatemática: papel, valor e significado. São Paulo, SP: ZOUK, 2004. pp.185-202.
CROWSON, R. L.; MORRIS, V. C. The principal’s role in organizational goal attainment: discretionary management at the school site level. Proceedings of the Annual Meeting of the American Educational Research Association. New York, NY: AERA, 1982. pp. 19-46.
DAMAZIO, A. Especifidades conceituais de matemática da atividade extrativa do carvão. Coleção introdução à etnomatemática. Volume 1. Natal, RN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2004.
D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. São Paulo, SP: Ática, 1990.
D’AMBROSIO, U. Peace, social justice and Ethnomathematics. The Montana Mathematics Enthusiast. Monograph 1, p. 25-34, 2007.
D’AMBROSIO, U. A transdisciplinaridade como uma resposta à sustentabilidade. Revista Terceiro Incluído, v. 1, n. 1, p. 1-13, 2011.
D’AMBROSIO, U.; D’AMBROSIO, B. S. The role of ethnomathematics in curricular leadership in mathematics education. Journal of MathematicsEducation at Teachers College, v. 4, p. 19-25, 2013.
D’AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. Creative insubordination in Brazilian mathematics education research. Raleigh, NC: Lulu Press, 2015.
DEHLER, G. E.; WELSH, R. W. Problematizing deviance in contemporary organizations: a critical perspective. Stamford, CT: JAI Press, 1998.
DODGE, D. The over-negativized conceptualization of deviance: a programmatic exploration. Deviant Behavior, v. 6, n. 1, p. 17-37, 1985.
GARY, J. The use of positive deviance to deliver patient-centered care. Nurses’ theses and Dissertations. Paper 28. The Graduate School. School of Nursing. Tyler, TX: The University of Texas, 2012.
GERDES, P. Etnomatemática: cultura, matemática, educação. Coletânea de Textos (1979-1991). Maputo, Moçambique: Lulu, 2012.
HECKERT, A. A new typology of deviance: integrating normative and reactivist definitions of deviance. Deviant Behavior: An Interdisciplinary Journal, v. 23, n. 5, p. 449–479, 2002.
HUTCHINSON, S. A. Responsible subversion: a study of rule-bending among nurses. Scholarly Inquiry for Nursing Practice, v. 4, n. 1, p. 3-17, 1990.
LINDBERG, C.; CLANCY, T. R. Positive deviance: an elegant solution to a complex problem. Journal of Nursing Administration, v. 40, n. 4, p. 150-153, 2010.
LOYD, J. C. For clues to HAI prevention, seek out positive deviance. Healthcare Purchasing News, v. 35, n. 1, p. 46-47, 2011.
LYMAN, L. L. ,ASHBY, D. E.TRIP; SES, J. S. Leaders who dare: pushing the boundaries. Lanham, MD: Rowman & Littlefield Education, 2005.
MACIONIS, J.; GERBER, L. Sociology. 7th ed. Toronto, Canada: Pearson, 2010.
MARZANO, R. J., WATERS, T.; MCNULTY, B. A. School leadership that works: from research to results. Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development, 2005.
MASTERSON, J. M. S.;WANSON, J. H. Female genital cutting: breaking the silence, enabling change. Washington, DC: International Center for Research on Women and The Centre for Development and Population Activities, 2000.
OREY, D. C. Insubordinações criativas relacionadas com a ação pedagógica do programa etnomatemática. In: D’AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. (Orgs.). Ousadia criativa nas práticas de educadores matemáticos. Campinas, SP: Mercado de Letras, pp. 247-268, 2015.
PASCALE, R., STERNIN, J.; STERNIN, M. The power of positive deviance: how unlikely innovators solve the world's toughest problems. Boston, MA: Harvard Business Press, 2010
ROSA, M. A mixed-methods study to understand the perceptions of high school leader about English language learners (ELL): the case of mathematics. Doctorate Dissertation. Sacramento: College of Education. Sacramento, CA: California State University, 2010.
ROSA, M. Glocalização e etnomatemática: sobre o dinamismo dos encontros entre culturas. Anais do XIII ENEM. Cuiabá, MT: SBEM, 2019.
ROSA, M.; OREY, D. C. Las raíces históricas del programa etnomatemáticas. RELIME, v. 8, n. 3, p. 363-377, 2005.
ROSA, M.; OREY, D. C. O campo de pesquisa em etnomodelagem: as abordagens êmica, ética e dialética. Educação e Pesquisa, v. 38, n.4, p. 865-879, 2012.
ROSA, M.; OREY, D. C. Evidence of creative insubordination in the research of pedagogical action of ethnomathematics program. In: D’AMBROSIO, B. S.; LOPES, C. E. (Orgs.). Creative insubordination in Brazilian mathematics education research. Raleigh, NC: Lulu Press, 2015a. pp. 131-146.
ROSA, M.; OREY, D. C. Three approaches in the research field of ethnomodelling: emic (local), etic (global), and dialogical (glocal). Revista Latinoamericana de Etnomatemática, v. 8, n. 2, p. 364-380, 2015b.
ROSA, M.; OREY, D. C. Etnomodelagem: a arte de traduzir práticas matemáticas locais. São Paulo, SP: Editora Livraria da Física, 2017a.
ROSA, M.; OREY, D. C. Concepts of positive deviance in pedagogical action in an ethnomathematics program. REnCiMa, v. 8, n. 4, p. 62-79, 2017b.
ROSA, M.; OREY, D. C. Aspectos de insubordinação criativa em etnomodelagem. Educação Matemática em Revista, v. 24, n. 61, p. 6-25, 2019.
SANDBACKA, C. Cultural imperialism and cultural identity. Helsinki, Finland: Finnish Anthropological Society, 1977.
SPREITZER, G. M.; SONENSHEIN, S. Toward a construct definition of positive deviance. American Behavioral Scientist, v. 47, n. 6, p. 828-847, 2004, 2004.
STERNIN, M., STERNIN, J.; MARSH, D. (1998). Designing a community‐based nutrition program using the hearth model and the positive deviance approach: a field guide. Westport, CT: Save the Children, 1998.
SVAČINOVÁ, I. (2014). “Ethnomathematics: a political challenge to the philosophy of Mathematics. In: ZÁMEČNÍK, L. (Ed.). The future of philosophy. Olomouc, Czech Republic: Univerzita Palackého v Olomouci, pp. 89-119.
TOMLINSON, J. Cultural imperialism. London, England: Continuum, 2001.
TURNER, J. Governing the domestic space of the traveller in the UK: ‘family’, ‘home’ and the struggle over Dale Farm. Citizenship Studies, v. 20, n. 2, p. 208-227, 2016.
VARDI, Y.; WIENER, Y. Misbehavior in organization: a motivational framework. Organization Science, v. 7, n. 2, p. 151-165, 1996.
WARREN, D. E. Constructive and destructive deviance in organizations. Academy of Management Review, v. 28, n. 4, p. 622-632, 2003.
WISHIK, S. M.; VAN DER VYNCKT, S. The use of nutritional ‘positive deviants’ to identify approaches for modification of dietary practices. American Journal of Public Health, v. 66, p. 38-42, 1976.
ZEITLIN, M.; GHASSEMI, H.; MANSUR, M. Positive deviance in child nutrition: with emphasis on psychological and behavioural aspects and implications for development. Tokyo, Japan: The United Nations University, 1990.