Por uma educação especular: a didática e o currículo em jogo com o inesperado
Palavras-chave:
Educação especulativa, Corpo, Jogo, ImprovisoResumo
Este ensaio especula acerca de um espaço intermediário de pesquisa e educação entre as instâncias das ciências humanas e das ciências da natureza, relacionado ao que Latour sugeriu como um Império do Meio. Tal espaço se projeta desde a compreensão, via uma leitura deleuziana, de que aprender significa uma recomposição corporal, apreensão do sensível num engendramento entre as faculdades humanas, que correlacionam matérias formadas com o informe, o conhecido com o que se ignora, o natural com o social. Trata-se do devir entre coisas e seres num mundo ontológico – com sua cosmologia – e pensamentos num processo semiológico – derivado em epistemologia. No decurso deste ensaio, opera-se com outras perspectivas, compondo este corpo textual especulativo com elementos do budismo e de um perspectivismo ameríndio, para forçar o pensamento a pensar sobre outros parâmetros – tensionando, assim, o pressuposto historicamente dominante, no ocidente, de uma cisão entre natureza e cultura, com as implicações daí decorrentes. Com efeito, este texto investe, por meio da especulação, num esforço para operar, ele próprio, como um espaço intermédio, em composições heterogêneas, projetando uma educação – dimensionada pelas noções de didática e currículo – que possa se atualizar sobre o potencial da incerteza, para que possibilite apreender outros modos de existir em seu próprio corpo – o corpus da Educação e os corpos de discentes e docentes.
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Referências
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