Por uma educação especular: a didática e o currículo em jogo com o inesperado

Autores

  • Diego Winck Esteves UFRGS

Palavras-chave:

Educação especulativa, Corpo, Jogo, Improviso

Resumo

Este ensaio especula acerca de um espaço intermediário de pesquisa e educação entre as instâncias das ciências humanas e das ciências da natureza, relacionado ao que Latour sugeriu como um Império do Meio. Tal espaço se projeta desde a compreensão, via uma leitura deleuziana, de que aprender significa uma recomposição corporal, apreensão do sensível num engendramento entre as faculdades humanas, que correlacionam matérias formadas com o informe, o conhecido com o que se ignora, o natural com o social. Trata-se do devir entre coisas e seres num mundo ontológico – com sua cosmologia – e pensamentos num processo semiológico – derivado em epistemologia. No decurso deste ensaio, opera-se com outras perspectivas, compondo este corpo textual especulativo com elementos do budismo e de um perspectivismo ameríndio, para forçar o pensamento a pensar sobre outros parâmetros – tensionando, assim, o pressuposto historicamente dominante, no ocidente, de uma cisão entre natureza e cultura, com as implicações daí decorrentes. Com efeito, este texto investe, por meio da especulação, num esforço para operar, ele próprio, como um espaço intermédio, em composições heterogêneas, projetando uma educação – dimensionada pelas noções de didática e currículo – que possa se atualizar sobre o potencial da incerteza, para que possibilite apreender outros modos de existir em seu próprio corpo – o corpus da Educação e os corpos de discentes e docentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARIAS, Patricio Guerrero. Corazonar el sentido de las epistemologías desde las sabidurías insurgentes, para construir sentidos otros de la existencia. Revista Calle14, vol. 4, n.5, julio – diciembre, p.80-95, 2010.

COMENIUS, Iohannis Amos. Didática Magna. Tradução de Joaquim Ferreira Gomes. Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

CORAZZA, Sandra Mara; RODRIGUES, Carla Gonçalves; HEUSER, Ester Maria Dreher; MONTEIRO, Silas Borges. Didática da Tradução: transcriações do currículo no Projeto Escrileituras. In: CORAZZA, Sandra Mara (org.). Docência-pesquisa da diferença: poética do arquivo-mar. Porto Alegre: Doisa / UFRGS, 2017.

DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. Tradução Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Tradução Bento Prado Jr. E Alberto Alonso Muñoz. São Paulo: Editora 34, 1992.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. São Paulo: Ed. 34, 1992.

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.

KRENAK, Ailton. De Ailton Krenak para quem quer cantar e dançar para o céu. In: COSTA, Suzane Lima; XUCURU-KARIRI, Rafael. Cartas para o bem viver. Salvador: Boto-cor-de-rosa livros arte e café / paraLeLo13S, 2020.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. São Paulo: editora 34, 2019.

LE GUIN, Ursula K. A teoria da bolsa de ficção. Tradução de Luciana Chieregati e Vivian Chieregati Costa. São Paulo: n-1 edições, 2021.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez Editora, 1994.

NABAIS, Catarina Pombo. Filosofia, Arte e Ciência: modos de pensar o acontecimento e o virtual segundo Gilles Deleuze In: D. Fernández Duque; E. Parejo; I. Hernández Antón (Eds.). Estudios de Lógica, Lenguaje y Epistemología. Sevilha: Fénix Editora, 2010, pp.319-326.

NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tradução Jean Melville. São Paulo: Editora Martin Claret, 2005a.

NIETZSCHE, Friedrich. O Nascimento da Tragédia. Tradução Heloisa da Graça Burati. São Paulo: Rideel, 2005b.

SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo horizonte: Autêntica, 1999.

SUZUKI, Shunryu. Mente Zen, mente de principiante. Tradução de Odete Lara. São Paulo: Palas Athena, 1994.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafisicas canibais: Elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Ubu Editora, n-1 edições, 2018.

Downloads

Publicado

2023-10-13

Como Citar

ESTEVES, . W. Por uma educação especular: a didática e o currículo em jogo com o inesperado. ReDiPE: Revista Diálogos e Perspectivas em Educação, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 105–120, 2023. Disponível em: https://periodicos.unifesspa.edu.br/index.php/ReDiPE/article/view/2132. Acesso em: 7 nov. 2024.