CODA - No ritmo do coração: ensaio sobre a sensibilidade musical na surdez
Palavras-chave:
No ritmo do coração, CODA, Língua de sinais, Filosofia da Diferença, EnsaioResumo
O encontro com o filme No ritmo do coração (originalmente CODA - Child Of Deaf Adults), possibilitou entrelaçar inquietações produzidas pelas leituras da Filosofia da Diferença de Deleuze e Guattari. Assim, foram delineados caminhos de um relato de experiência escrito no formato de ensaio, objetivando compreender quais aproximações podem ser feitas entre surdez, ciência e o material artístico audiovisual a partir de interpretações da Filosofia da Diferença. A escrita do ensaio possibilita uma análise interpretativa e experimental ao relacionar esses diferentes objetos de estudo sem a intenção de desassociá-los. Uma das principais percepções é a influência do medo e insegurança como aspectos mantenedores da lógica dominante, capitalista. Essas microgestões envolvem cada movimento de Ruby Rossi, personagem principal da obra, que caminha receosa por linhas de fugas formadas sutilmente em busca de um outro futuro. Tentando se afastar da segmentação por compor com uma família que destoa da normatividade imposta. O filme retrata sensivelmente como as palavras fruto da língua oral são incapazes de expressar os sentimentos que borbulham do lado de dentro do peito de Ruby. As relações com a ciência são identificadas em cenas onde os personagens retratam sentir a música em todo o corpo através das vibrações das ondas sonoras, não restringindo apenas ao sentido da audição. Que deixemos o desejo impulsionar, movimentar, revolucionar, para que possamos coletivar e compor de outras formas.
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