“Não há pessoa alguma por pequena que seja que não saiba”: uma família e sua fama de “Cristã-novice” no Maranhão setecentista.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47694/issn.2674-7758.v1.i3.20192020.136158

Palavras-chave:

Clero Secular, Inquisição, Cristãos-Novos, Família, Maranhão.

Resumo

A exigência quanto à “pureza de sangue” era presente na maioria das instituições do Império Português. Em vista de averiguar se os pleiteantes de fato detinham os requisitos necessários, as instituições lavravam processos cuja finalidade era descobrir algum possível impedimento. Porém, o aparente rigor possuía brechas, de modo que muitas vezes candidatos com alguma “impureza” passavam no crivo. O presente trabalho versa sobre estas situações. Aqui apresentaremos a trajetória de Felipe Camello de Brito, membro de uma notória família de “cristãos-novos” que durante anos, a despeito de seu impedimento, exerceu importantes cargos no bispado do Maranhão. Veremos como, através de processos de investigação genealógica, no âmbito da Cúria diocesana do Maranhão e do Tribunal do Santo Ofício, Felipe consegue purgar de uma vez por todas a fama que acompanhara sua família há gerações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Antonio Fonseca Lacerda Lima, Universidade Federal do Pará

Licenciado e Bacharel em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA), mestre e doutorando em História Social da Amazônia pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Pará. Realizou estágio Doutorado-Sanduíche no Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa/Portugal, onde também esteve agregado como investigador-externo. 

Referências

BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Compêndio das Eras da Província do Pará. Belém: Universidade Federal do Pará, 1969.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.

BOXER, Charles. O Império marítimo português (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 2014.

BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond. Bens de Hereges: Inquisição e Cultura Material Portugal e Brasil (séculos XVII e XVIII). Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012.

BRUNEAU, Thomas. O Catolicismo em época de transição. São Paulo: Loyola, 1974.

CAMPOS, Edemilson Antunes de. A tirania de narciso: alteridade, narcisismo e política. São Paulo: Editora Annablume, 2001.

CÁRCEL, Ricardo García Cárcel & Josep Palau I Orta. Reforma y Contrareforma católicas. In: PENÃ, Antonio Luis Cortés (coord). Historia del Cristianismo – III. El Mundo Moderno. Madrid: Editorial Trotta – Universidad de Granada, 2006, p. 187-226.

FEITLER, Bruno. Nas malhas da consciência: Igreja e Inquisição no Brasil. São Paulo: Editora Alameda, 2007.

FRAGOSO, João; BICALHO, Fernanda & GOUVÊA, Maria de Fátima (org.), O Antigo Regime nos Trópicos: A Dinâmica Imperial Portuguesa (Séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001.

HERSON, Bella. Cristãos-novos e seus descendentes na medicina brasileira (1500-1850). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.

LIMA, Maurílio Cesar. Breve História da Igreja no Brasil. Rio de Janeiro: Restauro, 2001.

LONDOÑO, Fernando Torres. A outra família: Concubinato, Igreja e escândalo na Colônia. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

MARTÍN, Julián López. A Liturgia na Igreja: Teologia, História, Espiritualidade de Pastoral. São Paulo: Paulinas, 2006.

MARTÍNEZ, Doris Moreno. La Inquisición: Descubrimiento o nueva creación?. In: PENÃ, Antonio Luis Cortés (coord). Historia del Cristianismo – III. El Mundo Moderno. Madrid: Editorial Trotta – Universidad de Granada, 2006.

MELLO, Evaldo Cabral de. O Nome e o Sangue: uma fraude genealógica no Pernambuco Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

MENDONÇA, Pollyanna Gouveia. Parochos imperfeitos: Justiça Eclesiástica e desvios do clero no Maranhão colonial. Tese (Doutorado em História), Universidade Federal Fluminense, 2011.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Elites locais e mobilidade social em Portugal nos finais do Antigo Regime. Análise social, vol. XXII, 141, p. 335-368, 1997.

MUNIZ, Pollyanna Gouveia Mendonça. A carreira eclesiástica no bispado do Maranhão. In: AYROLO, Valentina; OLIVEIRA, Anderson José Machado de (Coord). Historia de clérigos y religiosas em las Américas: conexiones entre Argentina y Brasil (siglos XVIII y XIX). Buenos Aires: Teseo, 2016.

OLIVAL, Fernanda. Rigor e interesses: os estatutos de limpeza de sangue em Portugal, Cadernos de Estudos Sefarditas, nº 4, 2004, 151-182.

_______. Testemunhar e ser testemunha em processos de habilitação (Portugal, século XVIII). In: Honra e Sociedade no mundo ibérico e ultramarino – Inquisição e Ordens Militares: séculos XVI-XIX. Lisboa: Caleidoscópio, 2013. p. 315-352.

OLIVEIRA, Anderson José Machado de. Trajetórias de clérigos de cor na América Portuguesa: catolicismo, hierarquias e mobilidade social. Andes [online]. 2014, vol. 25, n. 1. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S1668-80902014000100002&script=sci_arttext.

PAIVA, José Pedro. A administração diocesana e a presença da Igreja: O caso da diocese de Coimbra nos séculos XVII e XVIII. Lusitania Sacra, 2º série, 3, Lisboa,1991, p. 71-110.

ROCHA, Hugo de Oliveira. O Seminário de Belém. Belém: Editora Falângola, 1993.

RODRIGUES, Aldair Carlos. Igreja e Inquisição no Brasil: agentes, carreiras e mecanismos de promoção social – século XVIII. São Paulo: Alameda, 2014.

SÁ, Isabel dos Guimarães. Estruturas eclesiásticas e acção religiosa. In: BETHENCOURT, Francisco & CURTO, Diogo Ramada (dir.). A Expansão marítima portuguesa, 1400-1800. Lisboa: Edições 70, 2010, p. 265-292.

SARAIVA, António José. Inquisição e Cristãos-Novos. Porto: Editorial Inova, 1969.

SOUZA, Grayce Mayre Bonfim. Para remédio das almas: comissários, qualificadores e notários da Inquisição Portuguesa na Bahia colonial. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2014.

SOYER, François. A perseguição aos judeus e muçulmanos de Portugal: D. Manuel I e o fim da tolerância religiosa (1496-1497). Lisboa: Edições 70, 2013.

TORRES, José Veiga. Da repressão à promoção social: a Inquisição como instância legitimadora da burguesia mercantil. Revista Crítica de Ciências Sociais, 40, 1994.

VERSOS, Inês. Atestar a honra. A prática das inquirições na ordem de Malta e no Santo Ofício em Portugal nos finais do Antigo Regime. In: FERNANDES, Isabel Cristina F. (coord.) As ordens militares: freires, guerreiros, cavaleiros. Actas do VI Encontro sobre Ordens Militares – Vol. 2. Palmela: Município de Palmela / Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago, 2012, p. 1105-1119.

WERNET, Augustin. A Igreja Paulista no século XIX. São Paulo; Ática, 1987.

WILKE, Carsten Lorenz. História dos judeus em Portugal. Lisboa: Edições 70, 2009.

XAVIER, Ângela Barreto & HESPANHA, António Manuel. A representação da sociedade e do poder. In: MATOSO, José (org.). História de Portugal. O Antigo Regime (1620-1807), vol. 4 Lisboa. Ed. Estampa, 1993, p. 113-140.

Downloads

Publicado

2020-02-29

Como Citar

LACERDA LIMA, . A. F. “Não há pessoa alguma por pequena que seja que não saiba”: uma família e sua fama de “Cristã-novice” no Maranhão setecentista. Escritas do Tempo, [S. l.], v. 1, n. 3, p. 136–158, 2020. DOI: 10.47694/issn.2674-7758.v1.i3.20192020.136158. Disponível em: https://periodicos.unifesspa.edu.br/index.php/escritasdotempo/article/view/1170. Acesso em: 21 nov. 2024.