O tempo estrutural da comunidade de Santa Luzia do Maruanum, Amapá: vivências de temporalidades possíveis

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David Junior de Souza Silva
https://orcid.org/0000-0003-2336-4870
Danielle Balieiro dos Santos

Resumo

O objetivo desta pesquisa é a compreensão de como o tempo social se estrutura em contextos/espaços/temporais cuja organização sociocultural e manifestações simbólicas se esturuturam em valores etnicamente singulares – como é o caso da comunidade Santa Luzia do Maruanum. A justificativa é a evidência de estruturas reais e empíricas de tempos sociais que contestam as concepções universalizadoras presentes nas atuais teorizações eurocêntricas sobre o tempo. Outrossim, a pesquisa sobre o tempo social e seus usos e sentidos tem implicações sobre a compreensão de parte dos sentidos de felicidade e bem-viver comunitário. Epistemologicamente, o estudo aqui proposto funda-se na perspectiva da interculturalidade e da pós-colonialidade. A metodologia empregada foi a etnografia junto à comunidade. Como resultados, identificamos que o tempo social comunitário é feito por um tempo de trabalho, um tempo familiar, um tempo religioso, e um tempo de lazer cotidiano e festivo extracotidiano. O tempo social comunitário é feito também desse ‘tempo escolhido’, dessa autodeterminação, dessa autonomia relativa para decisão sobre o cotidiano.


 

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Como Citar
SOUZA SILVA, D.; DOS SANTOS, D. O tempo estrutural da comunidade de Santa Luzia do Maruanum, Amapá: vivências de temporalidades possíveis. Escritas do Tempo, v. 3, n. 7, p. 162-191, 30 abr. 2021.
Seção
v. 3 n. 7 (2021) Dossiê: Amazônia, fronteiras e diversidades
Biografia do Autor

David Junior de Souza Silva, Universidade Federal do Amapá

Professor Adjunto do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Professor Permanente no Mestrado Profissional em Ensino de História da UNIFAP. Editor-Gerente da Revista PRACS - Revista de Ciências Sociais da Unifap, desde 2019. Pós-Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História (Mestrado Acadêmico) da Universidade Federal do Amapá - PPGH/UNIFAP. Doutor em Geografia pelo Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA/UFG). Mestre em Sociologia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). 

Danielle Balieiro dos Santos, Universidade Federal do Amapá

Pós-graduada no curso de Especialização em Estudos Culturais e Políticas Públicas, da Universidade Federal do Amapá. Graduada em bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais, pela Universidade Federal do Amapá (2017). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em estudos do trabalho, lazer e ócio.

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