Candeeiro, esteira e giz: narrativas da alfabetização no mobral entre os anos 1970-1980

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Bianca Nogueira da Silva Souza

Resumo

O Movimento brasileiro de Alfabetização – Mobral – é um produto do governo militar em toda sua extensão (1964-1985). Como tal ele carrega as credenciais de quem o gerou, nutriu e pôs em vigência. Ao longo dos dez anos de sua existência o Mobral perseguiu o ideal de “erradicar o analfabetismo no país” à medida que, com suas práticas, buscava conferir graus crescentes de legitimidade a um regime de exceção. Este trabalho pretende pôr em discussão interesses, alcances, fragilidades e a herança histórica deixada pelo Mobral para os anais da educação brasileira. Para isso analisei-o tanto em seus aspectos materiais quanto humanos dentro da estrutura do governo, a partir de relatos orais de memória com personagens que compuseram este cenário, cartas escritas por alunos e alfabetizadores, jornais didáticos, cartilhas de alfabetização e seus recursos imagéticos. Com base nessas fontes pude criar, como faz um artesão com seus retalhos, um mosaico da história da educação popular no Brasil entre as décadas de 1970 e 1980. Os resultados encontrados pela pesquisa apontam para uma ressignificação do Mobral enquanto projeto pedagógico e ideológico ao longo do tempo: de sinônimo de alfabetização e desenvolvimento humano a sigla passou a termo pejorativo, sendo associada à ignorância e ao analfabetismo. A mudança no tom e no sentido carrega ainda como consequência o questionamento moral e político do governo militar e seus feitos no campo educacional.

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Como Citar
DA SILVA SOUZA, B. Candeeiro, esteira e giz: narrativas da alfabetização no mobral entre os anos 1970-1980. Escritas do Tempo, v. 1, n. 1, p. 99-116, 30 jun. 2019.
Seção
Artigos