O fascismo como obscurantismo nos jornais 'O Homem Livre' e 'A Manhã': apontamentos para uma história do conceito de antifascismo no Brasil (1933-1935)

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Giovani Bertolazi Brazil
https://orcid.org/0000-0002-4753-411X
Ana María Sosa González
https://orcid.org/0000-0001-7249-4618

Resumo

Este artigo tem como objetivo contribuir para a história do conceito de antifascismo no Brasil, centrando o olhar na construção semântica do fascismo que foi feita por duas organizações, a Frente Única Antifascista (1933-1934) e a Aliança Nacional Libertadora (1935). A imprensa ligada a esses grupos cumpriu um papel fundamental não só na divulgação de uma caracterização particular acerca do fascismo, como também se constituiu como espaço de sociabilidade entre intelectuais de tendências políticas diferentes. Através das páginas dos jornais O Homem Livre (1933-1934) e A Manhã (1935), é possível compreender como foi feito o uso de todo um léxico, dispondo de textos escritos, imagens e charges para colocar o perigo fascista como uma ameaça obscurantista e de retrocesso civilizacional.

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Como Citar
BRAZIL, G.; GONZÁLEZ, A. M. O fascismo como obscurantismo nos jornais ’O Homem Livre’ e ’A Manhã’: apontamentos para uma história do conceito de antifascismo no Brasil (1933-1935). Escritas do Tempo, v. 4, n. 12, p. 80-108, 26 dez. 2022.
Seção
v. 4 n. 12 (2022) Dossiê: De Norte a Sul, a sombra do autoritarismo
Biografia do Autor

Giovani Bertolazi Brazil, Universidade Federal de Pelotas

Aluno de Pós-Graduação em História - Mestrado na Universidade Federal de Pelotas. Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal de Santa Maria. Possui interesse pelas áreas de História Social do Trabalho, História do Movimento Operário e História das Esquerdas

Ana María Sosa González, Universidade Federal de Pelotas

Possui Doutorado (2011) em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Realizou dois Pós-Doutorados no Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel (Interdisciplinar), um como bolsista do PNPDI/CAPES (dez. 2011 a abril 2016) e um outro estágio pós-doutoral no mesmo Programa como bolsista PNPD/CAPES (maio 2016 a agosto 2016). Atualmente é Professora Visitante Estrangeira no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pelotas - UFPel, desenvolvendo o projeto de pesquisa "Memória, identidade e Patrimônio Industrial: Memórias dos lugares de produção de Pelotas e Rio Grande". 

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