Escritas do Tempo

Os tribunais religiosos na Primeira Modernidade atuaram como ferramentas de controle não apenas da ortodoxia cristã, mas também como mecanismos de imposição de uma ordem social e cultural europeia sobre a população local, incluindo indígenas, africanos escravizados e colonos. O impacto dessas instituições pode ser visualizado na repressão às práticas religiosas locais, rotuladas como heréticas ou mágicas, e na criação de um imaginário de resistência e submissão em relação ao poder.
Além disso, é fundamental refletir sobre como esses tribunais se relacionavam com as dinâmicas econômicas e políticas da época, sejam através da Inquisição, ou dos poderes episcopais e das ordens religiosas. A Amazônia, por sua vez, tornou-se um espaço de interesse estratégico para a coroa portuguesa, e o controle ideológico exercido pelo Santo Ofício desempenhou um papel fundamental, como na última visitação realizada entre os anos de 1763 e 1769. Por sua vez, o recorte temporal e espacial proposto coloca em evidência as interações entre colonizadores, indígenas e outros grupos sociais, evidenciando como o poder religioso se entrelaçava com as questões políticas e econômicas.
Diante dessas reflexões, a Escritas do Tempo abre chamada para a submissão de artigos tanto em uma análise crítica sobre o funcionamento e os efeitos desses tribunais, mas também convida a revisitar as histórias das vozes silenciadas por essas instâncias religiosas.

Organizadores:
Prof. Dr. Yllan de Mattos (UFRRJ)
Prof.ª Dr.ª Pollyanna Muniz (UFMA)

Capa: Antônio Parreiras, A conquista do Amazonas, 1907, óleo sobre tela, 400cm x 800cm. Acervo do Museu do Estado do Pará.