Vol. 6 No. 15 (2024): Os 60 anos do golpe civil-militar de 1964 e suas heranças na Amazônia

Na região amazônica, a ditadura militar trouxe um outro quadro na conjuntura geopolítica e econômica da região e encontrou condições oportunas para empreender, efetivamente, o seu projeto desenvolvimentista, para o que criou as condições necessárias associando-se ao capital nacional e internacional associado. Decorreu desse processo, a violência por meio da aniquilação dada pelo pressuposto da remoção de povos originários do seu território, a aniquilação física pelos assassinatos e chacinas cometidos por agentes do Estado e por fazendeiros contra camponeses, trabalhadores rurais sem-terra, lideranças sindicais, indígenas e religiosas inseridas na luta por direito à terra, reforma agrária e defesa do meio ambiente.

No entanto, camponeses, populações indígenas, quilombolas, trabalhadores rurais sem-terra não foram passivos diante da violência a que estavam submetidos. Reunidos nos mais diversos grupos e associações, e por meio de práticas individuais e coletivas, protagonizaram ações pelo direito à terra, pela defesa do meio ambiente e contra a violência do Estado.  Em face desse contexto histórico é que esse dossiê quer estimular trabalhos e pesquisas acadêmicas que possam contribuir na ampliação do debate historiográfico acerca da ditadura militar na Amazônia e problematizar os mecanismos de interdição que silenciaram as experiências das populações amazônidas durante a ditadura militar brasileira.