O quadro de perseguição à feitiçaria no mundo português quinhentista através da produção dos discursos patriarcal e misógino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47694/issn.2674-7758.v1.i1.2019.7298

Palavras-chave:

Tribunal do Santo Ofício português; Século XVI; Unidade do gênero; Feitiçaria

Resumo

Este trabalho busca identificar e analisar como foram produzidos e difundidos os discursos morais, exarados por instâncias religiosas e civis, responsáveis diretamente pela sustentação de determinados padrões de masculinidade e de feminilidade que vigoraram de forma hegemônica no mundo português do século XVI. Para tanto serão analisadas as normas legais vigentes nesse contexto, como as Ordenações Manuelinas, além dos tratados morais e religiosos que contribuíram para a definição desses padrões. O Tribunal do Santo Ofício também será objeto de investigação, pois tratou-se de instância de poder que contribuiu decisivamente para a manutenção desses padrões ao intentar controlar as consciências religiosas dos católicos. A partir desses dois eixos, pretende-se investigar como a formatação do delito da feitiçaria nesse espaço foi acompanhado pelo processo de delimitação desses padrões, em que a figura da feiticeira representou a subversão de uma determinada ordem social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BAILEY, Michael. The Feminization of Magic and the Emerging Idea of the Female Witch in the Late Middle Ages. Essays in Medieval Studies, v. 19, pp. 120-134, 2002.
BARSTOW, Anne. On Studying Witchcraft as Women's Story. Historiography of the European Witch Persecutions. Journal of Feminist Studies in Religion, v. 4, n. 2, pp. 7-19, 1988.
BETHENCOURT, Francisco. O imaginário da magia: feiticeiras, adivinhos e curandeiros em Portugal no século XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
BLÉCOURT, Willem. Early modern European witchcraft. Reflections on witchcraft and gender in the Early Modern Period. Gender & History, v. 12, n. 2, pp. 287-309, 2000.
BRAGA, Isabel Mendes Drumond; MOURÃO, Maria Elsa. Gênero e discurso proverbial no Portugal Moderno. Faces de Eva, n. 33, pp. 83-102, 2015.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
CALAINHO, Daniela Buono. Metrópole das mandingas: religiosidade negra e inquisição portuguesa no Antigo Regime. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
CLARK, Stuart. Pensando com Demônios. A ideia de bruxaria no princípio da Europa Moderna. Trad. de Celso Mauro Paciornik. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
D ́AZEVEDO, Pedro A. Benzedores e feiticeiros no tempo D’El Rei Dom Manuel. Revista Lusitana. Porto, v. 2, n. 3, 1894.
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. 1300-1800. Uma cidade sitiada. Trad. de Maria Lúcia Machado. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2009.
GINZBURG, Carlo. História Noturna: decifrando o Sabá. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
HESPANHA, António Manuel. Imbecilitas: as bem-aventuranças da inferioridade nas sociedades do Antigo Regime. São Paulo: Anablume, 2010.
LENCART E SILVA, Maria Joana Corte-Real. A mulher nas Ordenações Manuelinas. Disponível em: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/6384.pdf. Acesso em: 19/03/2019.
LEVACK, Brian P. A caça às bruxas na Europa Moderna. Trad. de Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Campus, 1988.
LÓPEZ-SALAZAR, Ana Isabel; OLIVAL, Fernanda; FIGUERÔA-RÊGO, João (orgs). Honra e Sociedade no mundo ibérico e ultramarino. Inquisição e Ordens militares. Séculos XVI-XIX. Lisboa: Caleidoscópio, 2013.
MARCOCCI, Giuseppe; PAIVA, José Pedro. História da Inquisição portuguesa: 1536-1821. Lisboa: A esfera dos livros, 2013.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Trad. de Paulo Neves. São Paulo: Cosac & Naify, 1950.
MUCHEMBLEND, Robert. Uma história do Diabo. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2001.Ordenaçoens do Senhor Rey D. Manoel. Livro II. Coimbra: Real Imprensa da Universidade, 1797.
Ordenaçoens do Senhor Rey D. Manoel. Livro V. Coimbra: Real Imprensa da Universidade, 1797.
OPITZ-BELAKHAL, Claudia. Witchcraft Studies from the Perspective of Women’s and Gender History. Magic, Ritual, and Witchcraft, vol. 4, n. 1, p. 90-99, 2009.PINTO, Frei Heitor. Imagem da vida cristã. (1563-1572). 2. ed. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1958.
PAIVA, José Pedro. Práticas e crenças mágicas: o medo e a necessidade dos mágicos na diocese de Coimbra (1650-1740). Coimbra: Minerva-história. 1992.
______. Bruxaria e superstição num país sem “caça às bruxas”: 1600-1774. Lisboa: Editorial Notícias, 1997.
PATRIARCA, Raquel. A presença das mulheres nas Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas: uma visão evolutiva. In: ALVIM, Maria Helena Vilas-Boas; COVA, Anne; MEA, Elvira Cunha de Azevedo. Em torno da História das mulheres. Lisboa: Universidade Aberta, 2002.
PEREIRA, Isaías da Rosa. Processos de Feitiçaria e de Bruxaria na Inquisição de Portugal. Cascais: s/e, 1976.
PEREIRA, Juliana Torres Rodrigues. Um Arcebispo em defesa do poder episcopal: as relações entre D. Frei Bartolomeu dos Mártires e o Santo Ofício Português (1559-1582). Tese (Doutorado em História) –Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017.
PROSPERI, Adriano. Tribunais da Consciência: Inquisidores, Confessores, Missionários. Trad. de Homero Freitas de Andrade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013.
ROPER, Lyndal. Oedipus and the Devil.Witchcraft, sexuality and religion in early modern Europe. London: Taylor & Francis e-Library, 2005.
ROWLANDS, Alison. Witchcraft and Gender in Early Modern Europe. In: LEVACK, Brian (org). The Oxford Handbook of Witchcraft in Early Modern Europe and Colonial America. Oxford: Oxford University Press, 2003.
SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul-dez/1995.
TEODORO, Leandro Alves. Instruções religiosas para o bem falar (Portugal/Castela -séculos XIV e XV). Tempo. Niterói, v. 23, n.1, p. 126-138, abr. 2017.
WIESNER-HANKS, Merry E. Gender and History. New perspectives on the past. Malden, Massachusetts: Blackwell Publishers, 2001.

Downloads

Publicado

2019-06-30

Como Citar

REIS, . V. O quadro de perseguição à feitiçaria no mundo português quinhentista através da produção dos discursos patriarcal e misógino. Escritas do Tempo, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 72–98, 2019. DOI: 10.47694/issn.2674-7758.v1.i1.2019.7298. Disponível em: https://periodicos.unifesspa.edu.br/index.php/escritasdotempo/article/view/405. Acesso em: 23 nov. 2024.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 > >>